sábado, outubro 5

Além das manchetes, a jornada histórica de Frank Rubio Isso nos deixa com uma questão intrigante: como o corpo humano muda quando passa tanto tempo no espaço?

Do enfraquecimento dos músculos às alterações na visão e no sistema imunológico, A microgravidade altera o corpo de maneiras surpreendentes. Rubio, que superou o anterior recorde americano de 355 dias no espaço, não só faz parte de um grupo de elite de astronautas com voos longos, como também forneceu dados valiosos sobre os efeitos do espaço no corpo humano.

Perda muscular e óssea: o preço da flutuação

Sem a atração constante da gravidade, os músculos que normalmente nos mantêm em pé (como os das costas e das pernas) começam a atrofiar rapidamente. O resultado? Em apenas duas semanas em órbita, um astronauta pode perder até 20% da sua massa muscular e, em missões mais longas, esse número pode chegar a 30%. O mesmo acontece com os ossos, que sem o esforço de caminhar ou carregar peso, perdem entre 1% e 2% da densidade óssea por mês, aumentando o risco de fraturas.

Embora astronautas como Rubio passem pelo menos 2,5 horas por dia fazendo exercícios intensivos usando equipamentos especiais, como uma esteira com fio e dispositivos de resistência, o desgaste é inevitável. Novos estudos foram propostos para aumentar as cargas de exercício e verificar se isso pode reduzir a perda muscular.

Vendo as estrelas (literalmente): a visão e o cérebro no espaço

A visão também é afetada. Na Terra, a gravidade ajuda o sangue a fluir para baixo, mas no espaço, os fluidos tendem a acumular-se na cabeça, o que pode inflamar o nervo óptico. Isto pode fazer com que a visão dos astronautas fique embaçada e, em alguns casos, as alterações podem ser permanentes. Além do mais, A exposição aos raios cósmicos e às partículas solares pode danificar a retina, fazendo com que os astronautas “vejam” flashes de luz nos seus olhos.

Quanto ao cérebro, a microgravidade faz com que algumas conexões neuronais sejam reorganizadas, principalmente em áreas responsáveis ​​pelo movimento e equilíbrio. Isto não é tão surpreendente, considerando que no espaço não existe “para cima” ou “para baixo”, e os astronautas devem se adaptar à flutuação.

Micróbios, pele e sistema imunológico

Outra descoberta fascinante é como a vida no espaço afeta a microbiota, as bactérias e fungos que vivem no nosso intestino e são cruciais para a saúde. Rubio, assim como Scott Kelly (outro astronauta que passou quase um ano na ISS), experimentou mudanças em suas bactérias intestinais. Isto pode ser devido à dieta no espaço, mas também à radiação e às diferentes dinâmicas de coexistência.

Como se isso não bastasse, Estar no espaço também sensibiliza a pele. Ao retornar, Kelly apresentou uma erupção na pele que durou vários dias, possivelmente devido à falta de estimulação física que nossa pele está acostumada a receber na Terra.

Relativamente ao sistema imunitário, os astronautas observam uma ligeira diminuição dos glóbulos brancos, essenciais para combater infeções, que está relacionado com a radiação a que estão expostos. No entanto, algo curioso é que os telômeros – aquelas pequenas “capas” que protegem nosso DNA – tendem a se alongar no espaço, embora rapidamente encurtem novamente ao retornar à Terra.

Preparando-se para missões a Marte

Todo esse conhecimento é fundamental se um dia quisermos enviar humanos a Marte. Uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho pode levar até 1.100 dias, sendo essencial entender como manter o corpo em forma e saudável durante missões de longa duração. A ISS tem sido um laboratório perfeito para estudar estas transformações, e os dados de Rubio, juntamente com os de outros astronautas, vão ajudar-nos a preparar melhor as futuras tripulações que se aventurarem na exploração do espaço profundo.

Embora os astronautas regressem à Terra com grandes sorrisos, como Oleg Kononenko, que detém agora o recorde mundial de 1.111 dias no espaço, o caminho de regresso à normalidade física é longo. Depois de passar tanto tempo em órbita, seus corpos precisam de anos para se recuperarem totalmente.

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