quinta-feira, novembro 21

Nas 48 horas após a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, canais dos Youtube que integram o ecossistema bolsonarista retiraram do ar mais de 1,5 mil vídeos. 

Os dados foram analisados pela consultoria Novelo Data, instituto que monitora os movimentos da extrema-direita nas redes sociais, e divulgados pelo jornal O Globo nesta quarta-feira 14. 

A “limpeza” nos perfis já tinha sido detectada em dias anteriores a operação, mas em números expressivamente menores. Naquele momento, eram cerca de 200 vídeos retirados da plataforma por dia das contas bolsonaristas. 

A remoção do conteúdo, aponta a consultoria, partiu dos proprietários dos perfis e não foi motivada por determinação judicial ou por arbitrariedade da plataforma. 

O movimento evidencia uma estratégia recorrente dos influenciadores bolsonaristas em momentos que sucedem operações contra investigados por atos antidemocráticos. A ação também é adotada quando o ex-presidente e seus aliados sofrem derrotas em processos judiciais. 

Ano passado, por exemplo, após a declaração da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o canal pertencente ao deputado federal Gustavo Gayer (PL) retirou do ar ao menos 200 vídeos. Entre as publicações excluídas estavam vídeos com menções ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo. 

A maioria dos conteúdos deletados de perfis bolsonaristas nos últimos dias, aponta o jornal, tratava de temas relacionados à política brasileira. Nas gravações, os perfis citavam o nome de autoridades, como ministros do STF e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Apesar da Novelo Data não ter conseguido recuperar a íntegra dos vídeos, os títulos e descrições sugerem que os conteúdos deletados estavam alinhados com o discurso bolsonarista que motivou a operação Tempus Veritatis, que mira o núcleo golpista instalado no governo do ex-capitão. 

De acordo com o jornal, cerca de 524 vídeos excluídos do canal do jornalista Toby Cotrim, por exemplo, traziam no título o nome do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que investigam a tentativa de Golpe de Estado. 

Os títulos dos vídeos apagados sugeriam que o conteúdo tratado teria “traços” de antidemocráticos. Um dos vídeos excluídos, cita o jornal, chamava “Exija o impeachment de Alexandre de Moraes“. Outros vídeos sugeriam que Lula não assumiria a Presidência da República ou que as Forças Armadas tomariam o controle do País. 

Em nota enviada ao Globo, o jornalista afirmou que os vídeos foram retirados do Youtube para atender as políticas da plataforma.

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