quinta-feira, novembro 21

O deputado tenente Luciano Zucco (PL-RS), que estava com a família Bolsonaro durante a a operação em Angra dos Reis (RJ) nesta segunda-feira 29, afirmou que a Polícia Federal apreendeu um tablet e um notebook de um assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, o celular, notebook e um bloco de notas de Carlos (Republicanos-RJ) também foi confiscado pela PF.

Segundo Zucco, no caderno há apenas anotações sobre uma live realizada na noite anterior pelo ex-presidente e seus filhos. Além disso, ele negou que Carlos Bolsonaro estivesse com o computador da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

A PF deverá analisar todo o material obtido e apresentar um relatório parcial ao STF em até 30 dias.

“Um tablet e um computador de um assessor do presidente Bolsonaro também foram recolhidos. Aliás, em certo momento os agentes fizeram menção em recolher os equipamentos de todos os presentes, inclusive o meu aparelho celular”, disse.

O parlamentar comentou ainda que considerou que o mandado de busca e apreensão “extrapolou todos os limites da legalidade”.

“Esperamos respostas para muitas indagações e, mais uma vez, cobramos responsabilidade dos meios de comunicação na divulgação dos fatos”, completou.

O que é a “Abin paralela”

A operação desta segunda contra Carlos Bolsonaro é um desdobramento das diligências cumpridas pela PF na última quinta-feira 25 contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Todas as medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

O objetivo da PF é investigar uma suposta organização criminosa instalada na Abin, órgão chefiado por Ramagem entre julho de 2019 e abril de 2022. O esquema serviria para monitorar desafetos do governo de Jair Bolsonaro, por meio de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis – sem autorização judicial.

A PF identificou que essa organização criminosa espionava autoridades por meio da invasão de aparelhos e computadores, além da infraestrutura de telefonia.

Segundo a decisão de Moraes, apurações internas da Abin sobre a utilização do software espião teriam sido atrapalhadas por interferência de Alexandre Ramagem e de Carlos Afonso Gonçalves Coelho, ex-secretário de Planejamento e Gestão e ex-diretor-adjunto.

Um dos alvos do suposto esquema de monitoramento ilegal seria o então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), hoje ministro da Educação.

Segundo Moraes, policiais federais cedidos à Abin, sob a direção de Ramagem, utilizaram ferramentas e serviços da agência a fim de interferir em diversas investigações da PF – um exemplo seria a tentativa de produzir provas a favor de Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente, em um inquérito sobre suposto tráfico de influência.

A decisão também aponta estar confirmada a utilização da Abin na preparação de relatórios para embasar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”, protagonizado por Fabrício Queiroz. O parlamentar nega a acusação.

Outros alvos do monitoramento ilegal seriam o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e a ex-deputada Joice Hasselmann. Além disso, a PF indicou que a Abin foi utilizada para monitorar uma promotora de Justiça responsável pela investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

A PF pediu a suspensão do mandato parlamentar de Ramagem, mas a solicitação foi negada por Moraes, sob o argumento de que “não se vislumbra a atual necessidade”.

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