segunda-feira, novembro 11

Se você já se viu através de uma câmera termográfica, você já sabe que ele corpo humano É praticamente um radiador ambulante. Cada metro quadrado de pele emite calor equivalente a cerca de 19 fósforos por hora. Todo esse calor é na verdade um resíduo do nosso metabolismo que, infelizmente, é perdido no ar sem qualquer benefício.

Mas e se pudéssemos capturar e aproveitar essa energia para algo útil? Bem, acontece que Um grupo de pesquisadores da Universidade de Limerick acredita que é possível e eles estão trabalhando para torná-lo uma realidade.

A ciência da captura do calor corporal

A ideia é desenvolver um dispositivo que não apenas capture o calor do corpo, mas também o converta em eletricidade e armazene-o, como um pequeno banco de energia portátil. Imagine um smartwatch ou monitor de atividade que nunca precisa ser recarregado, funcionando apenas com o calor do seu corpo. Sim, parece ficção científica, mas os avanços nos materiais ecológicos e na tecnologia de captura de energia estão a aproximar este sonho da realidade.

Não apenas humanos: as máquinas também desperdiçam calor

A história não termina com o calor humano. Num mundo repleto de tecnologia, desde carros até fábricas, é gerada diariamente uma quantidade absurda de calor residual. Este calor, que normalmente é perdido para a atmosfera, É outra mina de ouro com energia desperdiçada. É aqui que entra o conceito de “recuperação de calor residual”uma ideia que procura aproveitar toda essa energia desperdiçada para melhorar a eficiência e contribuir para a sustentabilidade ambiental.

O efeito termoelétrico: a magia de converter calor em eletricidade

A chave para tudo isso é o efeito termoelétrico, que permite a conversão de calor em eletricidade. Basicamente, Quando há uma diferença de temperatura, os elétrons se movem do lado quente para o lado friocriando um fluxo de energia elétrica. Até aí tudo bem, mas as coisas ficam complicadas quando descobrimos que os materiais termoelétricos tradicionais geralmente são feitos de elementos tóxicos como o cádmio ou o chumbo. Não é a melhor opção para o planeta, certo?

O poder secreto da madeira

É aqui que as coisas ficam interessantes (e um pouco surpreendentes). Uma equipe da Universidade de Limerick, em colaboração com a Universidade de Valência, descobriu que a madeira, ou mais especificamente a ligninapode ser uma alternativa muito mais amigável e sustentável.

A lignina é um subproduto da indústria do papel e, quando transformada em membranas especiais e embebida em solução salina, pode capturar calor de baixa temperatura (menos de 200°C) e convertê-lo em eletricidade.

Como funciona?

Imagine uma membrana de lignina em solução salina. A diferença de temperatura através da membrana faz com que os íons se movam: os positivos para o lado frio, os negativos para o lado quente. Essa dança iônica gera uma diferença de potencial que pode ser usada como energia elétrica. Uma vez que cerca de 66% do calor residual industrial cai nesta faixa de temperatura, o potencial para soluções de energia verde é enorme.

E então, como armazenamos toda essa energia?

Capturar o calor é apenas metade da batalha; armazená-lo é tão importante. Os supercapacitores são excelentes porque podem carregar e descarregar eletricidade rapidamente, mas dependem de materiais de carbono derivados de combustíveis fósseis, o que não é muito ecológico.

No entanto, a equipe de pesquisa descobriu que o carbono poroso à base de lignina funciona bem como eletrodo nesses dispositivos, proporcionando uma opção muito mais sustentável.

Esta tecnologia poderá mudar o jogo em muitas áreas, desde a indústria transformadora, que poderia converter seu calor desperdiçado em eletricidadepara aplicações mais cotidianas, como edifícios e dispositivos vestíveis. Mesmo em áreas remotas, estas inovações poderão fazer uma grande diferença no fornecimento sustentável de energia.

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