O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, disse, em depoimento à Polícia Federal, ter advertido o presidente Jair Bolsonaro (PL), em algumas situações, de que não havia indícios de fraudes nas urnas eletrônicas e que também chegou a advertir o presidente de que o relatório apresentado pelo Instituto Voto Legal, a pedido do PL, para buscar alternativas de reverter o resultado das eleições, não tinha embasamento técnico.
Narrou ainda que, após o 2º turno das eleições presidenciais, Bolsonaro chegou a apresentar, durante reunião com os comandantes das Forças e o ministro da Defesa, a hipótese de utilização da Garantia da Lei da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos mais complexos, como a decretação do Estado de Defesa para solucionar uma possível crise institucional.
Baptista afirmou aos policiais que disse ao presidente que tais institutos não serviriam para mantê-lo no poder após 1º de janeiro de 2023. Relatou ainda que o Comandante do Exército à época, o general Freire Gomes, também tentava convencer o presidente a não fazer uso dos referidos institutos.
Acrescentou que, em uma das reuniões do presidente com os comandantes das Forças, após o segundo turno, Bolsonaro chegou a aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático e que, nesse momento, Freire Gomes afirmou que caso tentasse o ato teria que prendê-lo.
Baptista seguiu afirmando, então, que deixou evidente a Bolsonaro, em outra reunião, que não haveria qualquer hipótese de sua manutenção no Poder após o término de seu mandato e alega aos policiais que deixou claro ao ex-presidente de que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional.
O depoimento do militar tornou-se público depois de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de retirar o sigilo de todos os depoentes no curso do inquérito que investiga a tentativa de um suposto golpe de estado pelo governo Bolsonaro.