A chegada de uma frente fria pode até amenizar o tempo seco em São Paulo, mas a capital paulista enfrentou, nos últimos dias, uma das piores condições do ar da sua história recente.
A combinação de poluição, queimadas, tempo seco e temperaturas acima da média para setembro contribuiu para a péssima qualidade do ar que afetou os paulistanos, segundo análise da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Nos últimos dias, a cidade foi a metrópole com a pior qualidade do ar no mundo.
Enfrentar condições climáticas difíceis já é uma realidade para a população, e especialistas são unânimes em apontar que o quadro exige soluções urgentes das autoridades públicas.
Por conta disso, políticas públicas voltadas ao tema deverão estar na agenda do próximo mandatário da maior cidade do país.
Os principais candidatos à Prefeitura de SP têm ideias conflitantes sobre como tratar a questão ambiental. Confira:
Ricardo Nunes (MDB)
O atual prefeito da capital paulista, que liderou a última pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira 13, aposta na substituição da frota de ônibus por modelos elétricos.
No plano de governo de Nunes, consta a proposta de promover uma transição dos modelos de transporte público. Não há detalhes, porém, sobre quanto tempo levará para a transição nem o tamanho do investimento que será necessário para que a proposta saia do papel.
O candidato do MDB também pretende ampliar o que chama de “caminhos verdes de arborização”, investimento no plantio de árvores. Entretanto, não há informações sobre onde os locais seriam criados.
Nunes também promete aplicar recursos em tecnologia para o combate de incêndios. A ideia seria fazer uso de câmeras capazes de detectar o calor na cidade.
Guilherme Boulos (PSOL)
Dada necessidade de se usar veículos que poluem menos o meio ambiente, o deputado federal do PSOL criou um plano para substituir metade dos ônibus da capital paulista.
Segundo o plano de governo de Boulos, a ideia é fazer uma renovação de 50% dos ônibus. Os novos veículos seriam híbridos ou totalmente elétricos. O plano também envolve renovar os veículos usados pela prefeitura.
Durante a campanha, Boulos já prometeu quase dobrar o número de árvores em São Paulo. Com o plano de ter “uma árvore por morador” na capital, a ideia seria plantar 5 milhões de árvores na cidade. Atualmente, a cobertura vegetal envolve quase 6 milhões de árvores. Não há detalhes, porém, sobre como o plantio seria feito.
O psolista também quer “universalizar a coleta seletiva” de lixo. A proposta é ampliar a parceria da prefeitura com cooperativas e catadores, criando centros específicos para separar material reciclável.
Pablo Marçal (PRTB)
O plano de governo de Marçal envolve o que o candidato chama de “Proteção ao Meio Ambiente, Bioeconomia e Economia Circular”.
No item, o ex-coach promete “transformar São Paulo em um exemplo de cidade com melhor qualidade de vida e desenvolvimento constante”, mas não traz detalhes sobre como pretende executar políticas públicas a respeito da questão.
Ele cita que pretende “limpar definitivamente o [rio] Tietê, implementando tecnologias de ponta para a remoção de poluentes e tratamento de águas”.
O plano do candidato garante o desenvolvimento de uma “infraestrutura eficiente para o manejo de resíduos e evitar que o lixo e esgoto sejam despejados no rio”, mas não cita como a infraestrutura seria desenvolvida nem indica a estimativa sobre quanto seria necessário para tirá-la do papel.
Tabata Amaral (PSB)
Tabata promete implementar a “Política Municipal de Energia Limpa e Solar”. A ideia é fazer uso de energia solar em edifícios públicos e em habitações sociais. No seu plano, a candidata cita que é necessário usar outras fontes de energia limpa.
A candidata também quer colocar em prática um sistema de fiscalização ambiental que protegeria as áreas produtoras de água.
Além disso, ela planeja criar parques em regiões periféricas de São Paulo, o que poderia, inclusive, criar novas soluções de lazer.
Há, ainda, a proposta de criar um “Grupamento Climático”, que serviria para treinar agentes para o trabalho em ocorrências de deslizamento, desmoronamento, enchentes, incêndios e calor extremo”.
Por outro lado, o plano da candidata do PSB não se refere às áreas que seriam beneficiadas pelas propostas.
José Luiz Datena (PSDB)
Os planos de Datena para o meio ambiente em SP têm os seguintes eixos: aumento do transporte sobre trilhos, incentivo à reciclagem do lixo e ampliação do plantio de árvores.
No primeiro caso, o candidato do PSDB quer implementar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na região central. Para além dos benefícios em termos de transporte, a ideia seria, segundo o candidato, melhorar a qualidade do ar.
Sem dar detalhes, Datena também promete apoiar catadores de lixo e incentivar campanhas de conscientização para a população de SP.
Sobre o plantio, o plano de governo de Datena indica que seriam plantadas árvores nativas na cidade. Além disso, a ideia é criar parques lineares ao longo de rios, facilitando a permeabilidade do solo.
De maneira parecida aos planos dos demais candidatos, as propostas de Datena não entram em detalhes sobre como seriam implementadas.