O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), deve apoiar seu vice, o emedebista Geraldo Jr., na corrida pela prefeitura de Salvador em 2024, em uma vitória importante dos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima. Os caciques do MDB atuavam nos bastidores para receber as bençãos do petista na pré-candidatura do aliado.
Desde que foram tragados pela Lava Jato, os políticos tentam ampliar os espaços do MDB no estado. Agora, o plano é utilizar a eleição do ano que vem como impulso eleitoral para a disputa em 2026 – para isso, a estratégia é conquistar o maior número de prefeituras possíveis.
A escolha do vice-governador foi sacramentada em reunião na sexta-feira, apurou CartaCapital com pessoas próximas ao petista. Falta apenas o anúncio público, que aconteceria neste domingo após uma reunião no Palácio de Ondina, sede do governo baiano, mas foi adiado.
Em contrapartida, o MDB precisaria abrir mão de lançar a pré-candidatura da ex-vereadora Lúcia Rocha à prefeitura de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, e apoiar o deputado petista Zé Neto em Feira de Santana, segundo relatos.
O encontro deste domingo conta com a presença de Geddel, Lúcio e do senador Jaques Wagner, entre outras lideranças da base. O ministro da Casa Civil Rui Costa também foi convidado, mas não compareceu por estar cuidando da esposa, que acabou de dar à luz ao novo filho do casal.
Formado em Direito, Geraldo Jr. foi vereador por quatro vezes antes de ser alçado à disputa pela vice-governadoria por um grupo político do qual era adversário histórico. A aliança inusitada aconteceu no contexto da dificuldade do PT em amealhar apoios ao então candidato Jerônimo Rodrigues em 2022.
O MDB chegou a ser parceiro dos petistas na primeira eleição de Wagner em 2006, mas rompeu com o governo em 2009 para lançar a candidatura de Geddel ao governo do estado. Depois da derrota em 2010, passaram a fazer oposição até retomarem a aliança no ano passado.
Logo após a posse, o governador montou um conselho político com representantes de partidos que o apoiaram para discutir as estratégias para as eleições municipais do ano que vem. No meio do caminho, porém, esbarrou na falta de consenso sobre o melhor nome para enfrentar o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Bruno Reis (União).
Ao menos seis lideranças disputavam internamente o aval dele: os deputados estaduais Robinson Almeida (PT), Olivia Santana (PCdoB) e os federais Antônio Brito (PSD) e Lídice da Mata (PSB).
Com o ano eleitoral batendo à porta, dirigentes têm antecipado as discussões sobre a sucessão municipal, conforme recomendações dos partidos. A estratégia é vista como oportunidade para fortalecer as pré-candidaturas e decantar resistências locais.
No grupo liderado por Rodrigues, a ideia é vincular o nome do candidato ao presidente da República, com o mote ‘time de Lula” que funcionou nas eleições estaduais, mas não tem surtido efeito na capital baiana nas últimas eleições.
Com exceção de 2016, o PT disputou todas as nove eleições municipais em Salvador desde a redemocratização, mas nunca elegeu um prefeito na cidade.
Além do atual prefeito e Geraldo Jr., a disputa na capital baiana ainda conta com a pré-candidatura do ex-ministro da Cidadania sob Jair Bolsonaro, João Roma (PL).
Outro nome da extrema-direita é Padre Kelmon, que recebeu 81.129 votos em 2022. Ele substituiu Roberto Jefferson como candidato do PTB ao Palácio do Planalto. Sua participação no pleito foi marcada pela atuação como “escada” para Bolsonaro atacar adversários nos debates.