De longe já dava para ver um espetáculo de cores e o céu enfeitado com pandorgas, cada uma exibindo sua própria personalidade em formas, cores e tamanhos, transformando a manhã do último sábado em um momento de diversão e de reviver uma brincadeira nostálgica da infância para muitos. Na Beira-Mar Continental, em Florianópolis, o Festival da Pandorga, evento promovido pela NDTV Record como parte do Floripa 350 – Um Abraço na Cidade – em celebração ao aniversário da Capital, reuniu entusiastas de todas as idades com um único objetivo: soltar pandorgas.
Festival da Pandorga teve o objetivo de resgatar as brincadeiras ao ar livre – Foto: Germano Rorato Fotografia/Divulgação/ND
“Soltar pandorga é botar a alma no céu por um fio e esse momento é ver um olhar novo para Floripa. Está lindo e futurista. Nunca tivemos um festival de pandorga na Beira-Mar Continental. Então, atravessar a ponte para ver as crianças, ouvir ótima música, se divertir e ver as pandorgas no alto é bom demais. A ND está de parabéns”, declara o artista manezinho, músico e pandorgueiro, Valdir Agostinho, reconhecido nacionalmente pelas suas criações voadoras.
Com destaque para a competição, o evento teve início às 9h, oferecendo atrações para toda a família e oficinas da cultura mané, como aulas com rendeiras e pescadores. Além disso, teve feira de artesanato, apresentações do boi de mamão e oficina de pandorgas para as crianças.
Algumas delas já estavam familiarizadas com a pandorga por causa dos avós ou até mesmo dos pais, enquanto outras tiveram a oportunidade de descobrir a brincadeira pela primeira vez, aprendendo não apenas a brincar, mas também a construir suas próprias pandorgas.
Olhar atento para aprender
Fabiana conta que Davi aprendeu a fazer pandorgas vendo vídeos na internet – Foto: Germano Rorato Fotografia/Divulgação/ND
A Vitória, 10, estava atenta aos ensinamentos. Acompanhada do pai Jorge Oliveira, 51, ela conta que aprendeu pela primeira vez a montar uma pandorga, mas que já soltou outras vezes com o avô. “Meu avô comprava uma pipa para mim, aí eu empinava com o meu irmão, só que ela rasgou. Agora que aprendi a fazer vai ser mais fácil”, diz. Por outro lado, o Davi, 8, aprendeu tudo que sabe sobre pandorgas na internet. Inclusive, participou da competição na categoria Menor Idade.
“Essa geração tem informações muito fáceis. Ele fica assistindo vídeo de crianças montando pipa, montando rabiola, envergando a pipa, fazendo suas próprias amarrações e colocando em prática o que assiste. Quando a gente soube do evento, ele ficou a semana inteira na expectativa para vir”, conta a mãe Fabiana Souza Faria, 39.
Já a pequena Catarina, de 5 anos, estava aprendendo a soltar pipa pela primeira vez com o pai Diego Hartmann, 38.
“Fazia muito tempo que eu não via tantas pandorgas juntas. Isso remonta a minha infância aqui em Floripa quando eu soltava com os meus amigos e a gente se embrenhava no mato atrás de pandorga perdida. Era muito legal essa brincadeira e eu queria que a minha filha tivesse também essa sensação, além de ser uma oportunidade muito boa de estreitar os laços e ela também experimentar o que foi a minha infância”, declara Hartmann.
A pequena Catarina, de 5 anos, aprendeu a soltar pipa pela primeira vez com o pai, Diego Hartmann – Foto: Germano Rorato Fotografia/Divulgação/ND
Competição, júri e premiação
O júri foi formado por cinco pessoas: o apresentador da NDTV, Marcelo Cabral, o Mancha; a presidente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, Roseli Pereira; o humorista Chico Bateira; o responsável pela primeira edição do Festival da Pandorga em Florianópolis, o artista plástico Alan Cardoso; e o humorista e criador do Manezinho Básico, Anderson Nascimento.
O primeiro lugar de cada categoria levou um troféu, certificado de participação e ingressos para o cinema. Após as últimas inscrições serem computadas, por volta das 10h, os jurados e competidores da categoria Menor Idade já começaram a se dirigir para a área de prova. Os pequenos puderam ter a companhia do responsável para ajudar a levantar a pandorga no céu.
A família de João Alfredo comemorou título de Menor Idade do pequeno, que recebeu diagnóstico de autismo na última semana – Foto: Germano Rorato Fotografia/Divulgação/ND
Além das obrigatoriedades de cada categoria, também era necessário manter a pandorga no ar por um tempo mínimo de cinco minutos, sendo este um critério para caso houvesse empate, além de certificar que foi construída de maneira correta. O vencedor da categoria Menor Idade foi João Alfredo, de 2 anos.
Emocionada, a mãe Franciele Lourenço, 33, conta que o momento foi muito importante para a família. “Peguei o laudo de autista dele nessa semana e ele desde pequeninho gosta de soltar pipa. Foi uma felicidade saber do festival”, diz ela.
Silvio Santos (à esq.) e Marcelo Mancha, do Grupo ND, e Valdir Agostinho e sua pandorga – Foto: Germano Rorato Fotografia/Divulgação/ND
Outro momento que chamou atenção do público foi as categorias de Menor e Maior Pandorga. Jair Silva foi o ganhador da categoria Menor Pandorga (24cm²), com a criação quase invisível aos olhos, mas que alcançou voo assim que entrou em contato com o ar. Já o vencedor da Maior Pandorga foi Roberto Vaz, com a impressionante pandorga de mais de 9 metros. “Em 1987 ganhei Festival da Pandorga com a maior pandorga e depois essa cultura se acabou. Esse ano, quando vi que voltou, já pensei ‘vou ter que reviver esse momento’”, diz. “Usamos uma vara de bambu inteira. Foram necessários três dias para montar. Seis pessoas ajudaram a trazer ela para cá”.
Para o jurado Alan Cardoso, responsável por idealizar 33 festivais em Florianópolis, o resgate da cultura é muito importante, e autorizou a nomeação do 34° Festival da Pandorga. “Fiquei lisonjeado com a iniciativa da ND de resgatar o festival. A iniciativa é válida e o futuro é brilhante. Que venha o 35° Festival”, declara.
Vencedores de Festival da Pandorga
- Originalidade pipas/papagaios: Rodrigo Couto, com a pandorga em formato de boneco
- Maior pandorga: Roberto Vaz, com 9,65 m2
- Menor pandorga: Jair Silva, com 24 cm2
- Maior idade: Gilmar Raquel, 68 anos
- Menor idade: João Alfredo, 2 anos